20.1.09

Literacia emocional

"À capacidade de ler os afectos nos outros chamamos literacia emocional, e devia ser uma capacidade tão presente e desenvolvida em cada um de nós como a de ler, escrever e contar. (...) Hoje, grande parte dos problemas que enfrentamos têm como base uma profunda literacia emocional, isto é, uma incapacidade de ler e respeitar o mundo emocional dos outros... A causa? A incapacidade de muitos adultos de se lerem a eles próprios em sociedades que investem profundamente no exterior esquecendo o interior, desprezam os sentimentos achando-os um entrave ao pensamento (quando são a sua base), não compreendem as ligações da parte física à psíquica, ignoram a importância do bem-estar individual para o social e não criam espaços de aprendizagem e trabalho saudáveis e criativos."
Pedro Strecht. (2004). Quero-te Muito. Crónicas para Pais sobre Filhos. Lisboa: Assírio & Alvim.

A "literacia emocional" de que Pedro Strecht nos fala faz-me pensar em muitas situações, em muitos contextos. Mas neste momento faz-me sobretudo pensar na importância da literacia emocional no trabalho com adultos, seja em formação, em processos RVCC ou outros. Ter a capacidade de "ler" os afectos, os sentimentos, as emoções, ser humano, estar com e para. E o que digo não tem nada a ver com o "psicologizar" estes processos (embora essa seja uma tentação e um risco, sobretudo de quem vem da área de Psicologia), mas apenas com o "humanizar". Ouço falar de números, de centenas, de milhares... é algo que me faz muita confusão. Quem fala das pessoas que estão por detrás dos números?... Nós trabalhamos com pessoas, com seres humanos! Era importante que se pensasse mais nisso... nas pessoas, só por si. Era importante aprender a ler... afectos, emoções e sentimentos... para lá dos números...

1 comentário:

  1. Minha querida,
    Este blog é um tesouro. PRECIOSO. MAIS UMA VEZ PARABÉNS!
    Marialva

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