8.10.09

Para...


...ler, reler e pôr em perspectiva...


IMPRESSÃO DIGITAL


Os meus olhos são uns olhos,
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.


António Gedeão, in "Poemas Escolhidos"

2 comentários:

  1. Li e reli, reflecti e vi, vi alguém e vi os pensamentos de uns e outros, que por aqui andam... com os meus olhos claro!
    Com o Poema das Árvores, já me tinha desperto para António Gedeão, agora... rendi-me!
    Já me "desafiou" uma vez e já vou no oitavo livro do mesmo autor! E agora? É este o senhor que se segue?
    Até as nuvens se dissiparam...

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  2. Que bom!!
    Pode ser este o senhor que se segue, sim, mas podem ser tantos outros! O que importa é sentirmo-nos tocados pelo que lemos, como aqui lhe aconteceu. Fico, novamente, feliz por isso! São estes os "meus" momentos de felicidade! Obrigada!...
    Mafalda

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