23.2.09

Motivação

Como profissional RVC cada vez tenho mais noção da responsabilidade das funções que desempenho. E essas funções extravazam em muito aquilo que está definido formalmente. Uma das funções mais importantes, para mim, é a motivação dos adultos que acompanho. Motivar não é tão difícil como pode parecer. Primeiro há que conquistar a pessoa. Para isso, é necessário conhecê-la, dar espaço para que ela se mostre e até se descubra melhor a si própria. Durante essa fase temos que estar muito atentos, para começarmos a perceber as potencialidades daquela pessoa que temos à nossa frente. Quando isso acontecer, temos que nos tornar um espelho, ou seja, devolver-lhe o que de mais positivo ela nos mostra. Se pensarmos em nós próprios, quantas vezes achamos que não valemos nada, que o que dizemos não é importante, que o que fazemos não tem utilidade?... Acontece-nos a todos, em tantos momentos da nossa vida! No entanto, quando temos alguém que nos diz o contrário, paramos e pensamos: "secalhar até é verdade...". E se continuarmos a ouvir o mesmo, várias vezes, em diversos momentos, começamos a acreditar que realmente talvez seja mesmo verdade! E parece que nos sentimos mais fortes, mais capazes, parece até que conseguimos fazer coisas que nunca pensámos vir a fazer!... É isso que penso que devemos fazer com os adultos que acompanhamos: estar atentos, reforçar positivamente, incentivar, ser constantes, perseverantes. Temos que ajudar a pessoa a reconstruir a sua imagem, aquela imagem que tem de si própria quando se vê ao espelho e que, regra geral, não é muito positiva. Para isso é preciso tempo, dirão alguns. Eu penso que o tempo pode ser o que fazemos com ele. Numa hora com um adulto podemos fazer tanto! Basta estar disponível e mostrar-lhe o que o espelho mostra de melhor... Outros dirão certamente que isto não é um processo terapêutico. É verdade, não é. Mas de que parte o Balanço de Competências, a metodologia de base dos processos de reconhecimento e validação de competências? Precisamente da promoção do autoconhecimento e da autovalorização das pessoas. Porque quando se transformam estas duas variáveis, tudo o resto se começa também a transformar.

Devia-se falar mais na importância da motivação na educação de adultos. Devia-se falar mais em balanço de competências. Devia-se ter tempo, dar tempo. Pensa-se demasiado nos números, estão-se a esquecer as PESSOAS.

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